"Apressada, ela descia a rua vazia tarde da noite.
O único barulho que escutava, era o som de seu coração pulsando num ritmo completamente novo, chamando por um nome que até então era desconhecido.
Era tarde da vida quando ela o conheceu, quando percebeu que um toque de pele não marcava apenas o corpo, ficava guardado junto com todas as lembranças de uma história já começada.
Era cedo quando ela sentiu que para se amar não precisa estar perto, tem que estar misturado: pele, gosto, cheiro, cabelo.
Foi quando percebeu que era hora de deixar, deixar que todas as sensações fizessem parte de seu futuro incerto, sem ter medo do amanhã. O grande segredo é escrever a história da vida do hoje lentamente, para que o dia termine com gostinho de “quero mais”, e amanhã comece com um doce sorriso de saudade.
“Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.”
Clarice Lispector
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