sexta-feira, 6 de maio de 2011

Além da Imaginação






"Imagine um país em que um senador que tinha as contas de sua amante pagas por uma empreiteira, e que perdeu o cargo de Presidente da Casa por esse motivo, é indicado pela Legislatura seguinte para integrar o Conselho de Ética do Senado. Ou seja, para julgar o comportamento de seus pares.



Imagine um país em que outro Senador arranca o gravador das mãos de um jornalista que lhe fez uma pergunta incômoda, e é apoiado por essa atitude destemperada.



Imagine um país em que um Deputado Federal semi-analfabeto, na mais benigna das hipóteses, integra a comissão de Educação e Cultura da Câmara.



Imagine um país em que o partidoatualmente no poder concederá perdão ao protagonista do maior escândalo de corrupção da história - e que dá aulas, em seu Estado, de Ética Política.



Imagine um país em que a nova chefe da Polícia Rodoviária Federal tem a carteira de habilitação apreendida por execsso de multas.



Em qualquer área, um profissional que comete um deslize é imediatamente afastado de suas funções e, dependendo da gravidade de seu ato, não volta nunca mais à ativa. Mas isso não ocorre na política brasileira. pelo contrário, os mais enrolados são vistos com admiração pelos seus colegas, como se professores fossem nas artes da prevaricação e da impunidade, e assim vão galgando postos na contra-mão da decência.



Em todos os níveis da política brasileira, a ética é afrontada diariamente. Mas em Brasília a situação alcança o surrealismo. Em setembro de 2003, VEJA circulou com uma capa que retratava a capital federal como um pedaço de terra flutuando no ar, com o título "BrasIlha da Fantasia". Quase oito anos depois, a lógica de funcionamento da capital federal continua a ignorar as demandas do país. Brasília como mostra a reportagem permance uma cidade fora do tempo e do espaço, que mantém códigos (i)morais próprios e nutre um insolente desprezo pela opinião pública e ética. Imagine um país, prezado leitor, além da imaginação.



Esse é o Brasil político."




Fonte: Revista VEJA de 04 de maio de 2011 p. 14

Um comentário:

Lucas Daniel disse...

uau!! que post viu! parabéns!